sábado, 17 de abril de 2010

ENTRE AS AMPULHETAS DA MEMÓRIA


(farol de Vila Real de Santo António)

Música e viagens sussurrantes…
Implacável jogo de sensações, rotas
Brilho das luzes e grandes noites do norte
Modéstia do som serve cenários de casa cheia...
As vestes da noite servem taças de nascentes,
Tu cresces com a minha seiva onde rejubilas...
Onde te bebo entre os sons do olhar e da espera.

Fico-me no sôfrego dos prodígios,
Planto a festa das memórias dos dias que amadurecem
As clareiras da mente são aberturas
Regressos de gesto mais sublime
Destinos do olhar, das rosas frias
Neste cântico das águas do céu cinzento.

Componho o teu corpo com as minhas fantasias,
As vezes todas onde me perco...
Sabores que guardo numa espera de recordações,
Atalhos da noite, do envolvimento
Aqui, onde me interrogo face à ausência
Procuro o lume das defesas nas palavras
A pátria dos olhares também cansa.

Conto-te da lonjura, apenas fica o eco
Fica a sensação que morre noutra sensação!
Um todo que rompe no cansaço das torrentes
Essa força que irrompe num repartir
Na escrita da água, nas interrogações flutuantes
Esta harmonia de jogos ausentes.

As mãos são prodígios, dourado
E o corpo eleva-se nos signos da urbe
Nestes murmúrios de translações
Numa verdade de acalmia, de inquietação
De franjas de respostas do corpo...
Na febre de todos os prazeres do corpo
Aqui neste festim de partilha das águas.

No silêncio transcende a emoção...
Contorno todos os polimentos da entrega,
Os pensamentos são cascatas da alma
Neste Abril de tantas nascentes
Aqui, um lugar ardil de sonos camuflados
Entre as ampulhetas de um olhar fixo.

17.04.2010
Algasul

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