sábado, 17 de abril de 2010

CONVERSÃO DA ESTANTE


(cores e harmonias de uma rua)

Porquê continuo a cometer os mesmos erros? Desprendimento e estranheza… Ouvi aquela música que ficou esquecida, arrumada na estante musical… as vozes tocaram-me o ser, numa verdade quase abismal! Sôfrego dos sons escondidos ainda pincelo as outras vertentes, aquelas que ficaram na podridão do silêncio, no esmagamento dos sentimentos derivados, como se não houvesse nada mais a acrescentar. Constróis o centro da fuga, os devaneios de uma hipérbole onde ainda pergunto pelas palavras iniciais. Junto-me na dimensão interior das palavras, ainda que sejam tardias, numa devastação de desilusão! Atiro-me e perco-me numa outra paisagem cheia de adjectivos que convertem os erros antigos. Não me importa da tua visão estranha, dos lugares inacabados do amor. Enceto as rotas do mundo e dos sonhos breves numa entrega pouco honesta. Tu não estás, apenas ficas numa memória que desaparece! O compromisso dos nomes não é mais sensato… o nome de uma vontade é perpendicular e não sei mais de ti nem do corpo lançado aos leões; a minha vontade já não é a mesma. Junto-me reunindo os pedaços de mim, no círculo da abstracção como se a existência fosse outra coisa para além do sentir. Pressões da vida e tudo flui na ausência do corpo perfeito.
Não vivo só, mas na mistura do todo da eternidade, na música do compasso que se adia. Continuamos a acreditar naquilo que não é mais consistente, somos apenas o pó numa viagem sem destino entre os destinos.

17.04.2010
Algasul

1 comentário:

  1. Aunque no tengo tu amistad, al menos tengo el placer de seguir leyendo tus textos.
    Un abrazo,
    F

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